Café Baiano em Manhã Curitibana:

Somente mais um café!
Nada de novo, nada surpreendente, apenas aquele espressinho sem personalidade, padronizado no comum do fluxo pressurizado. A vida, planejada no reflexo esfumaçado, segue como um borrão imaginário; nem estranha, tampouco familiar. A miragem destas grandes janelas de vidro, lembram aquelas que um bom esquema óptico poderia reproduzir no vazio;tão reais, mas nada palpáveis em profundidade.
Por que é tão difícil abrir mão de métodos tão fracassados, repetitivos, com este descontentamento que só se percebe no retrogosto?Não, há substância fora do reflexo! Existe corpo neste real que, mesmo tropeçando em conquistas parciais galgadas por esforço desproporcional, mesmo tendo se amarrado em promessas inalcançáveis, desvela este muro de imagens sem matéria, que enlaçam de objeto a sujeito. Mas nem todo laço é um nó, e nem todo café é espresso, tirado na quente pressão do maquinário fabril de resultado êx-timo. Existe uma inquietação en-corpada, uma ebulição de desejos que pulsam como as nuances de um cuidadoso filtrado escolhido, colhido e torrado sem escala, porém preparado por mãos carinhosas.

Sabores e aromas que, na sua crueza, nada se parecem com as ilusões hollywoodianas vendidas a preço da vida, nem com as amargas aventuras regadas a dívidas disfarçadas em colheres de adoçantes. São apenas simples delícias degustadas na mais bela companhia, com o mar, com o vento ou na mais simples manhã curitibana, fria e ao mesmo tempo inquietante, em movimento vivo, único como algo da mais complexa sabedoria, para desbravar a cada xícara. Sim, somente mais um café, por favor.

Daniel R. Branco

 

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